Endividamento americano volta ao radar do mercado global e pode continuar prejudicando o Dólar americano

Após o rebaixamento da nota dos EUA pela Fitch, de AAA para AA+, a discussão do endividamento americano voltou ao centro dos receios dos analistas. Isso porque o país, que observou a Dívida/PIB quase dobrar entre 2000-2022, pode seguir vendo um crescimento rápido em suas obrigações financeiras. As agendas de estado do bem-estar social e de redução de desigualdade entre minorias, favorecem gastos crescentes nos próximos anos. Como reflexo dessas dúvidas em relação a capacidade americana de honrar seus compromissos, recai mais um fator que leva a desdolarização, ou seja, à fuga do Dólar.

  A imagem abaixo ilustra o processo de forma objetiva: entre o começo do governo George W. Bush e os dias atuais, os EUA viram sua dívida saltar de 54% do PIB para 112%. O nível corrente, em relação ao PIB, é parecido com o observado após a segunda guerra mundial (quando o país avançou em gastos militares e ajudou na reconstrução da Europa).

  A sustentabilidade desse ritmo de endividamento tem recaído na soberania da moeda, que reflete a solidez da maior economia do mundo. Após a guerra da Ucrânia e às medidas ocidentais de bloquear ativos em Dólar vindos da Rússia, alguns questionamentos começaram a surgir. A livre conversibilidade da moeda americana foi indagada após o episódio russo. Já a reserva de valor do mundo no Dólar tem ficado sob vigilância com os números do endividamento. Segundo a Fitch, só o déficit do governo geral em 2026 pode ser de 6,9% do PIB (em 3,7% no ano passado).

  Esse movimento de dúvida com o Dólar tem favorecido outras moedas. Observe a alta recente do Euro, da Libra e até de moedas latinas em relação ao Dólar americano.

Vale notar que, em geral, endividamentos crescentes podem estimular níveis de inflação mais altos. Essa relação está sendo observada na discussão de um novo normal de inflação no mundo, que contaria com menor liberdade comercial e com o menor fluxo de fatores de produção, visto na guerra comercial entre China e EUA. O equilíbrio resultante desses dois termas (dívida crescente e inflação mais alta) trará incertezas sobre os mercados e desafios. 

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